A recuperação de uma mulher de 93 anos infetada com COVID-19 é um “sinal de esperança em dias de incerteza”, afirmou esta terça-feira o Secretário de Estado da Saúde, na conferência de imprensa de atualização dos dados sobre a epidemia. Segundo António Lacerda Sales, a mulher, residente na Grande Lisboa, desenvolveu uma pneumonia grave a meio do mês, mas já recuperou e voltou para casa, onde vive com o marido. “E há mais histórias, mais exemplos de superação, mais comunidade, mais entreajuda, mais solidariedade”, assegurou.

No início da conferência de imprensa, o governante apresentou a atualização dos dados sobre a epidemia: 7443 casos de pessoas infetadas (mais 1035 do que no dia anterior), 627 em internamento (dos quais 188 em cuidados intensivos), 160 óbitos e 43 pessoas recuperadas da infeção provocada pelo novo coronavírus.

Sobre o número de pessoas curadas, que se mantém igual há vários dias, António Sales explicou que isto acontece “em parte devido a tratar-se de uma doença de convalescença lenta”, mas “também de uma notificação tardia, porque, como sabemos a maior parte dos doentes trata-se no domicílio, o que pode gerar um hiato maior no conhecimento da recuperação, que é aferida em 2 testes negativos em pelo menos 24 horas”.

O Subdiretor-Geral da Saúde, Diogo Cruz, esclareceu que “estamos a viver uma situação excecional”, uma vez que “este vírus permanece na orofaringe dos pacientes durante muito tempo, mesmo após já estarem completamente assintomáticos”. Existe “reporte de muitas pessoas em casa sem qualquer sintoma – portanto bem do ponto de vista clínico -, mas que não estamos a considerar recuperados até termos dois exames negativos em pelo menos 24 horas”.

Há relatos, adiantou Diogo Cruz, de o vírus persistir na orofaringe até 21 dias. “Só consideramos[os doentes] recuperados quando têm o segundo teste negativo em casa, o que faz com que as pessoas tenham alta do hospital e, posteriormente, façam os testes em casa – e só nessa altura vamos considera-las recuperadas”, sublinhou.

Em declarações aos jornalistas, António Sales reforçou toda a confiança na Direção-Geral da Saúde na resposta à epidemia: “Subscrevo toda a confiança na DGS e o Governo subscreve toda a confiança na DGS. O dinamismo e a flexibilidade obrigam-nos a respostas que são proporcionais à evolução do próprio surto. Como responsáveis políticos e institucionais, isso obriga-nos a fazer algumas declarações que a própria evolução do surto obrigam a que, na semana seguinte ou passado algum tempo, tenhamos que fazer outras declarações”.

O Secretário de Estado da Saúde lembrou que “todas as determinações da DGS têm sido confirmadas e são em convergência com as das organizações internacionais: OMS, ECDC, CDC”.

No que diz respeito ao reforço de materiais, o governante adiantou que chega hoje um avião com “3.5 milhões de máscaras cirúrgicas, 300 mil tocas, 100 mil batas, entre outros equipamentos tão necessários aos profissionais” de saúde, que, sublinhou, são “a joia da coroa do SNS”.

Questionado sobre a possibilidade de uma cerca sanitária no Porto, o responsável referiu que “não houve qualquer indicação da autoridade de saúde nesse sentido e, portanto, neste momento não faz qualquer sentido essa situação”.