Vamos falar sobre um assunto que vem trazendo duvidas para a população
Medicamentos biológicos – BIOFARMACOS
As pessoas geralmente entendem que se é um medicamento, ele um produto químico biológico mas isso é por questões de não entendimento dos termos.
Os medicamentos que todos conhecem são utilizados para tratar dor de cabeça, resfriado, febre e outras patologias. Eles fazem parte de um grupo chamado de medicamentos sintéticos, que são produzidos por meio de processos químicos e normalmente utilizados no atendimento primário da maior parte dos problemas de saúde do nosso dia-a-dia.
O que são medicamentos biológicos?
Os medicamentos biológicos são medicamentos produzidos a partir de organismos vivos, como células e bactérias. Em muitos casos, eles têm imunogenicidade, ou seja, a capacidade de aumentar a resposta imune do corpo. Os biofármacos são, normalmente, administrados por via endovenosa ou subcutânea, pois, de outra forma, seriam destruídos pelo sistema digestivo.
Medicamentos biológicos marcaram avanço no tratamento de doenças
Com o surgimento dos medicamentos biológicos, o tratamento de vários problemas de saúde teve um avanço significativo, especialmente das doenças crônicas, como o câncer. Eles proporcionaram uma melhoria na qualidade de vida de milhões de pessoas com diversos tipos de condições, tais como:
Psoríase – doença crônica que afeta 100 milhões de pessoas no mundo. A psoríase causa a aparição de lesões avermelhadas e descamações na pele, podendo tomar o corpo todo. Apesar de não existir uma cura, os biofármacos podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Artrite reumatoide – é uma enfermidade crônica caracterizada pela inflamação das articulações, que pode ser desenvolvida já aos 20 anos de idade. Em casos mais severos, a artrite reumatoide pode causar deformações nas articulações E comprometer seriamente a mobilidade dos pacientes e a realização de tarefas simples.
Asma – causa a inflamações e inchaços nas vias aéreas dificultando a respiração. Estima-se que 235 milhões de pessoas sofram de asma, sendo a doença mais comum entre crianças.
Esclerose múltipla – afeta a cobertura das células nervosas do cérebro e da coluna vertebral, o que pode levar à perda da coordenação motora. Neste caso, medicamentos biológicos que estimulam o sistema imune são utilizados no tratamento.
Medicamentos biológicos estão presentes no tratamento de diversas doenças crônicas e auxiliam na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Apesar de parecer que os medicamentos biológicos começaram a ser utilizados há pouco tempo, eles auxiliam no tratamento de doenças há algumas décadas, desde os anos 1980. O primeiro biofármaco foi a insulina humana produzida por meio da cultura de bactérias. Logo depois veio o hormônio do crescimento. Existem, assim, diferentes complexidades de medicamentos biológicos, chegando até os anticorpos monoclonais – chamados de medicamentos inteligentes, por atuarem em uma característica específica de determinada doença.
Biofármacos Inovadores
A criação de um biofármaco inovador requer um longo período de pesquisa e desenvolvimento e um elevado investimento. A pesquisa translacional, cujo foco é a transformação do conhecimento gerado pela pesquisa básica em novas terapias e medicamentos, tem sido responsável por verdadeiras revoluções na medicina. Os anticorpos monoclonais terapêuticos são parte dessa revolução, tendo modificado de maneira muito positiva o tratamento de doenças autoimunes, câncer, dentre outras.
Biossimilares
O desenvolvimento de uma cópia de um biofármaco inovador é extremamente sofisticado e requer em média oito anos para ser completado. Ao longo do processo são realizadas diversas atividades que exigem grande investimento e capacitação técnica, como a geração das células que irão produzir o medicamento, a caracterização do biofármaco, a otimização do processo produtivo e a pesquisa clínica. Somam-se a isso as características dos medicamentos biológicos, moléculas muito maiores e bem mais complexas do que os medicamentos sintéticos. Essas são algumas das razões pelas quais o termo “genérico” não se aplica às cópias dos medicamentos biológicos que são, dessa forma, denominados biossimilares.
Em países como os EUA e os integrantes da Comunidade Europeia, o desenvolvimento de biossimilares é regulamentado de forma rigorosa pelo FDA, EMA e outros órgãos locais. No Brasil o desenvolvimento de biossimilares é regulado pela ANVISA seguindo os mais elevados padrões éticos, técnicos e científicos, com critérios comparáveis aos adotados na Europa e EUA e que tem permitido ampliar o acesso de inúmeros pacientes a medicamentos biológicos de alta complexidade.
O domínio de toda essa tecnologia aliado ao mais elevado padrão de qualidade vigente no mundo permite, num primeiro momento, produzir no Brasil medicamentos que hoje são importados e, em seguida, desenvolver e produzir biofármacos inovadores.
Nós acreditamos que o Brasil possa estar na linha certa.
Espero ter esclarecido o tema
Célia Wada – farmacêutica