Para esclarecer o assunto da Cloroquina e da apresentação da Dra. Nise Yamaguchi, trazemos mais esta matéria de forma “leiga” para que pessoas entendam que o achismo é muito perigoso quando é usado politicamente e, principalmente, quando é usado por pessoas que “se julgam” entendidas em fisiologia, fisiopatologia, interação medicamentosa e mesmo bioquímica.
Esta colocação não é política e nem pessoal, é APENAS OBVIA: decisões MÉDICAS deveriam partir APENAS de profissionais médicos, e, em se tratando de MEDICAMENTOS X PATOLOGIA, as decisões devem partir em TOTAL CONJUNTO com farmacêuticos que são os profissionais que CONHECEM mecanismos de AÇÃO DOS COMPOSTOS QUÍMICOS NO ORGANISMO.
Sem sobra de duvidas e colocando a disposição de quem estiver contra esta colocação, falar sobre uma ação BIOQUÍMICA não é ACHAR. É necessário conhecimento real.
Discutir com que “acha” não é discutir. É perder tempo!
Enfim, vai aqui breve explicação, que, como disse, é trazida para que entendam de forma leiga, não outorgando competência para discussão e para “achismo”.
A cloroquina é um medicamento usado no tratamento e na profilaxia de várias doenças, como a malária, a artrite e o lúpus.
Existem efeitos colaterais da administração da cloroquina, como problemas musculares e na visão, perda de apetite, diarreia, erupções cutâneas e crise epiléptica, ASSIM COMO EM PRATICAMENTE, TODOS OS MEDICAMENTOS.
O que garante a eficácia e eficiência de um tratamento é o CONHECIMENTO , não apenas do medicamente mas também de suas INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS, assunto que muitas vezes é delegado a segundo terceiro plano ou mesmo ignorado.
A cloroquina foi descoberta há quase um século, em 1934, pelo investigador Hans Andersag, da indústria farmacêutica Bayer. Hoje, ela faz parte da Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS), o que significa que é um fármaco eficaz e seguro.
No ano seguinte, após o término da epidemia da SARS, uma equipe de pesquisadores belgas demonstrou os efeitos inibitórios da cloroquina in vitro no coronavírus da SARS. O efeito foi posteriormente confirmado de forma independente por outros grupos de pesquisadores.
Esse medicamento pertence à categoria de inibidores da protease do HIV, uma enzima essencial para o corte final de vários componentes virais. O fato de ter demonstrado inibir uma protease do vírus da SARS também foi bastante surpreendente, porque as proteases do HIV e do coronavírus não compartilham semelhanças estruturais.
Como em todos os processos experimentais e mesmo em processos onde o mecanismo é totalmente conhecido, é necessário que se tenha extrema cautela em seu uso porque muitas vezes os efeitos observados “in vitro” e em animais não são reproduzíveis quando transferidos para seres humanos. Em pesquisa clínica, sabemos que mesmo que os primeiros resultados em pacientes pareçam positivos, pode levar muito tempo tempo para se ter uma indicação definitiva. Mesmo após aprovação e finalização do protocolo clínico, novas utilizações, efeitos adversos assim como as interações continuam sendo observadas. Infelizmente, as pessoas não conhecem o que é a Farmacovigilância que é “a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados ao uso de medicamentos”
Voltando a cloroquina, esclarecemos que não é um medicamento novo. Em 2003, Andrea Savarino foi o primeiro pesquisador a cogitar o uso de cloroquina contra o SARS1. Quando as mortes por Covid-19, na China, chegaram a um número elevado, começaram os ensaios clínicos com a cloroquina.
Hoje, Savariano é responsável por coletar dados de hospitais para analisar os registros médicos para os tratamentos com cloroquina/hidroxicloroquina para elaborar uma publicação científica do uso desse medicamento.
Para o uso da cloroquina no COVID19 podemos dizer que os pacientes tratados com cloroquina tiveram um efeito negativo do vírus um pouco mais rápido do que aqueles tratados com a combinação de lopinavir/ritonavir, um medicamento que também possui atividade antiviral. Mas a maior parte dos efeitos da cloroquina foi observada no nível clínico, com uma melhora no quadro do envolvimento pulmonar devido ao fato de a cloroquina não só ter um efeito antiviral, mas também imunológico, ou seja, ela limita os danos causados pela ativação anormal do sistema imunológico pelo vírus. Essas são considerações médicas do grupo que está utilizando o medicamento em pacientes da Itália. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomenda aos pacientes e profissionais de saúde que a cloroquina e a hidroxicloroquina devem ser usadas apenas em ensaios clínicos ou em programas de uso emergencial para o tratamento da Covid-19, informa a AIFA- Agência Italiana de Fármacos.
Ambos os medicamentos, autorizados para o tratamento da malária e de algumas doenças autoimunes, ainda estão sendo estudados em todo o mundo, pois são potencialmente capazes de tratar a doença causada pelo novo coronavírus.
Sobre a diferença entre hidroxicloroquina e cloroquina, esclarecemos que ambas são estruturalmente idênticas, mas que a primeira tem um átomo de oxigênio extra, o qual confere propriedades de distribuição no corpo um pouco diferentes.
Nas diretrizes italianas, por exemplo, a hidroxicloroquina é prescrita em uma dose equivalente menor do que aquela para a qual a cloroquina é prescrita para a mesma indicação no tratamento para a malária.(posologia – dr. Andrea Savarino )
De acordo com o Instituto Superior da Saúde da Itália, a hipótese de usar a cloroquina contra o coronavírus foi baseada em uma análise que mostrou um efeito antiviral de amplo espectro da cloroquina. Essa hipótese levou em consideração as propriedades imunomoduladoras da droga, às vezes usada com sucesso no tratamento da artrite reumatóide.
Nossas expectativas:
- Esperamos que este artigo tenha esclarecido um pouco sobre o tema
- Esperamos que se esclareça REALMENTE a atividade do COVID19 x pandemia esquizofrênica instalada no mundo
- Esperamos que seja esclarecida a posição inadequada no isolamento horizontal
- Esperamos que no mundo sejam priorizadas vidas de forma correta sem achismos.
- Esperamos que decisões sobre SAÚDE fiquem com profissionais da área que realmente saibam o que estão falando
- Esperamos que pesquisadores tenham seu idealismo científico acima de idealismos financeiros
- Esperamos que o mundo seja um mundo mais HUMANO.
Célia Wada
Uso atual da Cloroquina:
A cloroquina tem efeito contra o ataque agudo da malária causada por algumas espécies de Plasmodium, que é um protozoário causador da malária, sendo eficaz contra P.vivax, P.malarie e P.ovale. Este medicamento atua rapidamente, controlando os sintomas clínicos e a infecção e reduzindo a febre em cerca de 24 a 48 horas.
A cloroquina tem também ação contra a inflamação e ação tóxica contra a E. histolytica, que é um protozoário causador da amebíase hepática. Esse protozoário pode ser detectado precocemente em um simples exame protoparasitológico de fezes.
Célia Wada