TOC – TIQUE – TOURETTE

TOC – TIQUE – TOURETTE

TOC – TIQUE – TOURETTE

A interrelação e realidade entre essas síndromes é um limiar bastante sutil e com paradigmas complexos.

TOC – o transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos.

Tique – os tiques são definidos como movimentos musculares súbitos, rápidos, repetitivos e não rítmicos, incluindo sons ou vocalizações.

Síndrome de Tourette – é uma doença neurológica que faz com que o indivíduo realize atos impulsivos e frequentes (tiques) que podem dificultar a socialização da pessoa. Caracteriza-se por tiques motores ou vocais que ocorrem com frequência e intensidade variáveis, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância. Em alguns casos, podem causar constrangimento aos pacientes.

A síndrome de Tourette é diagnosticada ou classificada, depois que as pessoas têm tiques vocais e motores por > 1 ano. O diagnóstico é clínico. Os tiques são tratados somente se interferirem nas atividades ou autoimagem da criança; o tratamento pode incluir intervenção comportamental abrangente para tiques e clonidina ou um antipsicótico.

As causas do Transtorno Obsessivo Compulsivo são de origem física e psicológica. O TOC pode ser causado por fatores biológicos ou físicos como: traumatismo craniencefálicos, derrames, acidentes cerebrais, encefalites, Parkinson, Síndrome de Tourette, mudanças na fisiologia cerebral, herança genética, ou mesmo, sem nenhuma causa objetiva sendo associado a um distúrbio psicológico x emocional.

Tiques variam muito em termos de gravidade; eles ocorrem em cerca de 20% das crianças, muitas das quais não são avaliadas ou diagnosticadas. Síndrome de Tourette, o tipo mais grave, ocorre em 3 a 8/1000 crianças. A proporção homem/mulher é 3:1.

Os tiques começam antes dos 18 anos de idade (tipicamente entre os 4 e 6 anos); a gravidade deles aumenta e alcança um pico por volta dos 10 a 12 anos e diminui durante a adolescência. Com o tempo, a maioria dos tiques desaparece espontaneamente. Entretanto, em cerca de 1% das crianças, os tiques persistem na vida adulta. A etiologia não é conhecida, mas os tiques tendem a ser familiares. Em algumas famílias, eles se manifestam em um padrão dominante com penetrância incompleta.

Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC), ao distúrbio de atenção com hiperatividade (TDAH) e a transtornos de aprendizagem. É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições.

A causa objetiva desses transtornos ainda é desconhecida.

Resumidamente essas síndromes são semelhantes em certo momento e se confundem entre elas.

(foi denominada Síndrome de Tourette para esse tique pois é o nome do neurologista Georges Gilles de la Tourette, que sugeriu um quadro de “tique mais forte?” diagnosticado. Historicamente se considera que o primeiro relato da doença tenha sido feito pelo médico francês Jean Itard em 1825, ao descrever o quadro da Marquesa de Dampierre  que apresentava o quadro mais estereotipado de “tique”, caracterizado pela emissão de palavras obscenas em público. A partir do caso da marquesa e de outros pacientes que analisou, Geoges sugeriu, em 1885, que o quadro clínico constituía uma condição específica, diferente de distúrbios neuropsiquiátricos similares)

dra. Célia Wada

O que ocorre no cérebro de pessoas com TOC?

Os pacientes entendem que esses sintomas compulsivos são irracionais, desnecessários, mas não conseguem controlá-los ou se livrar deles, levando à ansiedade e dor. Além disso, o TOC é caracterizado por intensa excitação emocional e deficiências do controle executivo. Esses dois mecanismos são influenciados mutuamente e são responsáveis ​​pela manutenção do ciclo obsessivo-compulsivo.

Embora o mecanismo fisiopatológico exato do TOC não seja totalmente compreendido, atualmente existe correlação negativa com a conectividade funcional cerebral. Esse transtorno mostra alterações no circuito córtico-estriato-tálamo-cortical, que inclui alguns nódulos principais de substância cinzenta, como o orbitofrontal córtex, córtex pré-frontal dorsolateral, córtex cingulado anterior, corpo estriado e tálamo, como mostra uma recente pesquisa publicada na Frontiers in Psychiatry.

Quais são os tratamentos e como ocorre o diagnóstico de TOC?

O diagnóstico precisa ser realizado por um médico da Saúde Mental através de critérios previamente estabelecidos pela área para avaliar clinicamente o paciente. Além disso os tratamentos podem ser feitos através de psicoterapia, medicamentos e de estimulação cerebral, que pode ser passiva ou ativa.

Estimulação cerebral ativa

É realizada através de técnicas neuromodulórias autorregulatórias, como o Neurofeedback, que pode ser realizado com um biofeedback. Esse método utiliza marcadores da função cerebral através do monitoramento em tempo real com eletroencefalografia (EEG) e mapeamento cerebral, enquanto o paciente recebe estímulos eternos que causem neuromodulação e necessita de um número considerável de aplicações combinadas com psicoterapia.

Estimulação cerebral passiva

A estimulação cerebral passiva é realizada através de Estimulação Magnética Transcraniana. Existem diversas técnicas de EMT, aplicadas para diferentes objetivos, que, por serem consideradas seguras, se tornaram úteis para a neurologia clínica, já que a prática tem capacidade de mapear o córtex cerebral e estabelecer sua excitabilidade. Por outro lado, para TOC a EMT repetitiva (EMTr), mais poderosa e relativamente com riscos maiores que EMT de pulso único, consiste na aplicação de estímulos magnéticos em intervalos regulares. Ela possui capacidade para bloquear ou facilitar as estruturas corticais, dependendo da área de aplicação e da intensidade dos estímulos. Esse tratamento da Neurologia é aprovado pela FDA. Em relação aos efeitos colaterais, a reação adversa mais frequente relatada é uma cefaleia leve aguda que dura alguns minutos após o tratamento.

Fonte: https://vtmneurodiagnostico.com.br/cine_psiconeurologia/transtorno-obsessivo-compulsivo-toc-e-o-cerebro/

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