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Estudos trazem novas evidências da transmissão do vírus SARS-CoV-2
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Estudos trazem novas evidências da transmissão do vírus SARS-CoV-2

Dada a importância destas confirmações no controle da pandemia e nos protocolos para relaxamento, reeditamos matéria publicada em 18/05/2020

#Vaidemascara

Célia Wada

Frontliner
18.05.2020

As cargas virais podem ser igualmente altas em pessoas com sintomas típicos, atípicos, pré-sintomáticos e assintomáticos. O vírus é expelido em altas concentrações na cavidade nasal mesmo antes do desenvolvimento dos sintomas. A maioria dos contágios ocorre entre conhecidos e no transporte público.

A transmissão do coronavírus por pessoas assintomáticas tem sido apresentada como uma certeza científica e um assunto encerrado.

Contudo, até recentemente, não havia base científica alguma, apenas crenças.

A “certeza” tinha sido estabelecida por uma “carta ao editor” do The New England Journal of Medicine (NEJM), postada em 30 de janeiro no site da publicação.

Intitulada Transmission of 2019-nCoV Infection from an Asymptomatic Contact in Germanye citada atualmente em 369 artigos científicos, a correspondência descreve como uma  pessoa infectada sem sintomas contagiou quatro colegas de trabalho. Trata-se de uma comunicação técnica, sem elementos de um artigo científico, como referências e bibliografia, e sem revisão por pares, que amparou inúmeras decisões políticas de enfrentamento à pandemia.

Quando o Dr. Anthony Fauci, diretor do NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) desde 1984, e consultor de seis presidentes americanos, foi questionado por jornalistas sobre a transmissão por assintomáticos, sua resposta foi definitiva:

“There’s no doubt after reading this paper that asymptomatic transmission is occurring. This study lays the question to rest”.

[Em tradução livre, “Depois de ler o artigo [NEJM], não há dúvida de que a transmissão assintomática está ocorrendo. Este estudo encerra a questão”].

Já as autoridades alemãs resolveram investigar a narrativa antes de “encerrar a questão”.

O Instituto Robert Koch (RKI), a agência de saúde pública do governo alemão, e a Autoridade de Saúde e Segurança Alimentar do estado da Baviera conversaram com a paciente de Xangai por telefone, e descobriram que ela tinha sintomas enquanto estava na Alemanha. A estória do doente assintomático contaminando pessoas não tinha substância.

O RKI comunicou ao The New England Journal of Medicine que a carta continha informações “falhas”. Os autores não tinham contactado a paciente e apresentaram rumores como fatos. O texto da carta foi atualizado.

A “certeza científica” não passou de uma fabricação, mas continou a ser apontada como justificativa para as decisões políticas. Fauci passou a dizer “acreditar” na hipótese da transmissão do novo coronavírus por infectados assintomáticos.

Naturalmente, “falhas” acadêmicas não invalidam hipóteses assim como acreditar nelas não as validam.

Uma das instituições científicas mais antigas e respeitáveis da Grã-Bretanha, a Royal Society, foi fundada com o lema ‘Nullius in verba’ (“Nas palavras de ninguém”, em latim). Essa é uma expressão da determinação dos Membros da Sociedade em resistir à dominação de autoridade e em verificar qualquer afirmação através de fatos determinados por experimentação. O conhecimento sobre o mundo material deve se basear em evidências e não em autoridade.

Felizmente, estão sendo conduzidos novos estudos observacionais, revisados por pares e publicados em revistas respeitáveis, buscando conhecimento científico sobre a questão da transmissão do vírus. Entre os achados:

  • uma pessoa infectada sem sintomas pode contagiar alguém que virá a apresentar sintomas típicos, atípicos, leves ou graves, ou assintomático;
  • a carga viral de pacientes sintomáticos e assintomáticos é semelhante;
  • o nível de carga viral tem mostrado que pode variar significativamente em diferentes estágios da doença. Um dos estudos sugere que a maior carga viral ocorre no momento do início dos sintomas, inferindo que a infecciosidade atinge o pico antes do início dos sintomas.
  • cargas virais quantitativas de SARS-CoV-2 podem ser igualmente altas em pessoas com sintomas típicos, com sintomas atípicos, pré-sintomáticos e assintomáticos;
  • o coronavírus é eliminado em altas concentrações da cavidade nasal mesmo antes do desenvolvimento dos sintomas;
  • como observado em vários países, “fique em casa” responde por grande parte das novas infecções, seguido de casas de repouso e uso de transporte público.

Entre as muitas considerações sobre o assunto, destacam-se:

COVID-19 Transmission Within a Family Cluster by Presymptomatic Carriers in China

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