/
/
12/01/2004 – CARTILHA DA LER-DORT – SINDICATO BANCÁRIOS DE GUARULHOS
Share on facebook
Share on google
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on whatsapp

12/01/2004 – CARTILHA DA LER-DORT – SINDICATO BANCÁRIOS DE GUARULHOS

Cartilha Sobre Ler / Dort
Lesões por Esforços Repetitivos / Disturbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

Apresentação

As Lesões por Esforços Repetitivos, que podem levar a incapacitação total para o trabalho, são hoje um dos principais problemas de saúde enfrentados pelos trabalhadores.

O Programa de Prevenção elaborado conjuntamente por representantes de bancários e da Fenaban não surtiu ainda o efeito desejado de minimizar a incidência das lesões, pois continua não implementado pela maioria dos bancos. Por isso a luta por sua aplicação continua sendo uma prioridade.

Em geral as empresas não investem na prevenção, desrespeitam os direitos dos empregados e fazem pouco caso da reabilitação do trabalhador acometido de LER/DORT.

Na atual conjuntura de recessão no país, a política adotada pela maioria das empresas tem sido produzir mais com menos gente, o que gera ritmo extremamente acelerado nas atividades do trabalho, sobrecarregando as pessoas que permanecem empregadas. Com isso, o número de casos tende a crescer e se proliferar a cada ano.

É importante na prevenção que haja uma negociação entre trabalhadores e empregadores no sentido de estabelecer critérios uniformes de ação em todos os aspectos relacionados ao surgimento da doença nas empresas (organização, conteúdo e posto de trabalho).

Esse manual, que chega agora a sua quinta edição, foi desenvolvido pela Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e região com o objetivo de informar sobre os vários aspectos das LER/Dort (prevenção, diagnóstico e reabilitação), orientar os trabalhadores sobre seus direitos e ajudar a organizar a acão sindical para prevenção.

O que é Ler/Dort?

A sigla LER – Lesões por Esforços Repetitivos – foi criada para identificar um conjunto de doenças que atingem músculos, tendões e articulações dos membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços e braços) e eventualmente membros inferiores e coluna vertebral (pescoço, coluna torácica e lombar) e que têm relação direta com as exigências das tarefas, ambientes físicos e organização do trabalho.

A sigla Dort é a mais nova terminologia adotada pelo INSS e tenta ampliar o conceito da doença para distúrbios inflamatórios e/ou oriundos da compressão de nervos, provocados por atividades que exigem do trabalhador uma sobrecarga física: movimentos manuais repetitivos, continuados, rápidos e/ou vigorosos e posturas inadequadas por um longo período de tempo. E atividades no trabalho que demandam também sobrecarga psíquica: ritmo intenso de trabalho, existência de pressão e autoritarismo de chefia e mecanismos inadequados de avaliação, punição e controle da produção dos trabalhadores.

Atualmente convencionou-se utilizar as duas terminologias, escrevendo no diagnóstico LER/DORT.


Outras Denominação

LER/Dort são termos utilizados como sinônimos de Lesões por Traumas Cumulativos (LTC), Distúrbios Cervicobraquiais Ocupacionais (DCO), Síndrome Ocupacional do “Overuse” (sobrecarga).

Cada denominação tem relação com a história do processo de reconhecimento da doença como ocupacional nos diferentes países.

A tendência mundial no meio científico atual é substituir as antigas denominações por Work Related Musculokeletal Disorders (WRMD), cuja tradução no Brasil foi Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort).

Tipos de LER/DORT

A maioria dos trabalhadores não sabe, mas há várias doenças consideradas LER/Dort além da tenossinovite, que é a mais conhecida.

Saiba quais são elas:

Nome Descrição
Tenossinovite inflamação do tecido que reveste os tendões
Tendinite inflamação dos tendões
Epicondilite inflamação das estruturas do cotovelo
Bursite inflamação das bursas (pequenas bolsas que.se situam entre os ossos e tendões da articulações do ombro)
Miosites ou síndrome miofascial inflamação dos músculos de forma isolada ou várias regiões do corpo
Síndrome d0 túnel do carpa compressão do nervo mediano na altura do punho
Síndrome cervicobraquial compressão dos nervos na coluna cervical
Síndrome d0 desfiladeiro torácico compressão do plexo (nervos e vasos) na região da 1 á costela
Síndrome d0 Ombro doloroso compressão de nervos e vasos na região do ombro
Doença de Queruain inflamação da bainha do tendão do polegar
Cisto sinovial tumoração esférica no tecido ao redor da articulação

Doenças do Trabalhador

O aparecimento das LER/DORT como doenças do trabalhador está ligado ao modo como o trabalho é organizado em nossa sociedade. De olho nos lucros, o capital prioriza a diminuição dos custos de produção, redução do emprego e o aumento da produtividade. Para isso, introduz novas formas de organização, nova tecnologia e equipamentos sem levar em conta a conseqüência para a saúde de quem trabalha.

Na prática, isso tem significado a limitação da autonomia dos trabalhadores sobre os movimentos do próprio corpo e redução de sua criatividade e liberdade de expressão. As LER/DORT são o efeito mais evidente de todo esse processo.

Fatores de Risco

Trabalho automatizado, em que o trabalhador não tem controle sobre suas atividades (caixa, digitador, operador de telemarketing e outros).
Obrigatoriedade de manter o ritmo acelerado para garantir a produção.
Trabalho fragmentado, em que cada um exerce uma única tarefa de forma repetitiva.
Trabalho rigidamente hierarquizado, sob pressão permanente das chefias.
Número insuficiente de funcionários.
Jornadas prolongadas de trabalho, com freqüente realização de horas extras.
Ausência de pausas durante a jornada de trabalho.
Trabalho realizado em ambientes frios, ruidosos e malventilados.
Mobiliário inadequado (cadeiras, mesas etc.) que obriga a adoção de posturas incorretas do orpo durante a jornada de trabalho. 

Organização do Trabalho

Equipamentos e maquinário com defeito

No atual modelo de organização do trabalho os trabalhadores são for
ç ados a manter os mesmos gestos e posturas durante toda a jornada. Faltam pausas para repouso, há desconforto e pressão das chefias para a conclusão rápida das tarefas.

O controle da produção é rígido e se impõe com autoritarismo, ameaça de desemprego, número insuficiente de trabalhadores e obrigatoriedade de horas extras em postos de trabalho que exigem posições inadequadas do corpo.

As potencialidades intelectuais são colocadas em segundo plano. As condições de trabalho inibem as relações humanas, o que leva à fragilização afetiva e intelectual de quem o executa.

Categoria de Risco

As LER/Dort podem surgirem qualquer ramo de atividade, desde que existam funções e postos de trabalho que exponham os trabalhadores aos fatores de risco.

As funções mais atingidas têm sido a dos digitadores, caixas (bancos, comércio), trabalhadores de linha de montagem e produção etc.
já foram identificados casos de LER/DORT nos seguintes ramos de atividade:

Serviços (bancos, processamento de dados, serviços de comunicação, comércio varejista etc.)

Indústria (metalurgia, mineração, indústria de material elétrico e de hospitais, comunicações, confecções, química e plástica, borracha, alimentícia, editorial e gráfica, construção civil etc).

Prevenção e Atuação do Sindical

As LER/Dort são resultantes da organização do trabalho e sua interação com posto de trabalho e trabalhador. Para preveni-Ias é preciso conhecer a fundo o processo de trabalho – suas particularidades, detalhes de cada local e função – e mudar a forma como ele é executado e estruturado.

O maior desafio para a prevenção das LER/Dort é o de resgatar o trabalhador como sujeito, recuperar sua potencialidade intelectual e garantir espaço para sua criatividade. Dessa forma monotonia, repetitividade, estresse e sobrecarga de certos grupos musculares deixarão de fazer parte do trabalho. Para se chegar a esse estágio os trabalhadores devem reivindicar:

• Controle do ritmo de trabalho pela pessoa que o executa

• Enriquecimento das tarefas, não permitindo a fragmentação do trabalho

• Definição do período da jornada de trabalho em que há esforço repetitivo e do período em que ele não esteja presente

• Eliminação das horas extras

• Pausas durante a jornada de trabalho para que músculos e tendões descansem e diminua o estresse, sem que por isso haja aumento do ritmo ou do volume do trabalho

• Adequação do posto de trabalho para evitar a adoção de posturas incorretas. O mobiliário e as máquinas devem ser ajustados às características físicas individuais dos trabalhadores dos ao bem-estar

Vigilância da saúde dos trabalhadores, com realização semestral de exames médicos voltados para aspectos clínicos e relativos a ossos e articulações

• Fiscalização através da CIPA, Delegacia Regional do Trabalho, Sindicato e Vigilância Sanitária dos ambientes de trabalho (Norma Regulamentar 17)

* Cláusulas nos acordos de trabalho que privilegiem a prevenção de doenças do trabalho ou profissionais, tratamento e reabilitação dos trabalhadores

• Posturas éticas no atendimento a trabalhadores vítimas de doenças profissionais ou acidente do trabalho nos serviços médicos e na perícia do INSS. Em muitos casos, os médicos têm se negado a diagnosticar as LER/Dort e o INSS, descumprindo suas próprias normas técnicas, tem criado obstáculos para caracterizar as lesões como doencas do trabalho.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *