15/11/2010 – GESTÃO DE RISCOS EM SUPERMERCADOS – RISCO ERGONÔMICO – ERGONOMIA NOS SUPERMERCADOS

15/11/2010 – GESTÃO DE RISCOS EM SUPERMERCADOS – RISCO ERGONÔMICO – ERGONOMIA NOS SUPERMERCADOS

Ergonomia nos Supermercados – os riscos ergonômicos em todo ciclo processual dos supermercados

Como é de conhecimento de todos os nosso leitores, estamos elaborando o Manual de Boas Práticas para Supermercados – Sustentabilidade nos Supermercados.

Dentre os capítulos que estudaremos e pautaremos em nosso manual está a ERGONOMIA.

A Ergonomia nos supermercados é um dos pontos chaves de pesquisa e estudos no que tange aos cuidados aos funcionários.

A análise de risco ergonômica dos profissionais está sendo estudada e será detalhada, passo a passo em nosso manual

Em nossos resumos bibliográficos, temos muito assuntos interessante e este é um deles que queremos desde já disponibilizar aos nossos leitores

 

Boa leitura e permanecemos a disposição para sugestões e troca de informações

Faça parte de nosso grupo de estudos, será um prazer manter esse intercâmbio

Osny Telles Orselli

A postura no trabalho dos operadores de checkout de supermercados: uma necessidade constante de análises

Fonte: Produção, v. 19, n. 1, jan./abr. 2009, p. 190-201

http://www.scielo.br/pdf/prod/v19n1/12.pdf

Eduardo Concepción Batiz SOCIESC

Andréia Fuentes dos Santos UNIPAR

Olga Elena Anzardo Licea

RESUMO:

As condições de trabalho nas quais os operadores de checkout de supermercados realizam suas atividades têm sido uma preocupação dos especialistas nos últimos tempos. Essa pesquisa foi realizada em oito supermercados de duas cidades do Brasil com o objetivo de conhecer as condições em que os operadores realizam suas atividades, detectando os fatores de risco para propor medidas que eliminem ou minimizem o aparecimento de efeitos adversos nos trabalhadores. Foi aplicado um questionário e o método RULA a uma amostra de 80 trabalhadores. O estudo mostrou que o mobiliário não está adaptado às características antropométricas da população, a maioria das posturas analisadas é inadequada, não existem revezamento nem pausas que poderiam ajudar a minimizar a situação, existência de sobrecarga, mental e física, entre outras. Conclui-se que a atividade pode representar riscos à saúde dos operadores de caixa de supermercados.

Supermarket checkout operators posture at work:  The continuous need for analysis

ABSTRACT

The work conditions in which supermarket checkout operators perform activities have been a recent concern to specialists. This research was carried out in eight supermarkets of two cities in Brazil with the aim of knowing the conditions under which operators work, in order to detect risk factors and to propose procedures that could eliminate or minimize their adverse effects on workers. Structured questionnaire and the RULA method was applied to a sample of 80 workers. Major fi ndings of the study as follows: furniture was not adapted to anthropometric characteristics of the workers, most of analyzed positions are not adequate, there was no rotation or pauses that could reduce the risk, there was a signifi cant amount of mental and physical work overload. We conclude that, under current conditions, checkout operations at supermarkets poses health risk to operators.

KEY WORDS Checkout, risks, ergonomics.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente o ser humano passa uma parte importante de sua vida no ambiente laboral, realizando diferente atividades o que demanda que as condições de trabalho sejam adequadas para evitar que existam riscos que possam provocar acidentes de trabalho e alterações à saúde dos trabalhadores.

Um trabalhador será mais produtivo na medida em que esteja satisfeito e motivado no trabalho, e essa satisfação e motivação dependem em grande medida das condições de trabalho em que ele desenvolve suas atividades e da forma como ele participa na busca e solução dos problemas, existindo uma relação direta e estreita entre produtividade, satisfação e motivação.

 

Deve ser interesse de todos que sejam realizadas melhorias constantes nas condições de trabalho para que este possa ser realizado de tal maneira que as cargas provenientes da atividade não ultrapassem os limites fisiológicos do trabalhador, assim como não causem problemas à saúde. Desta forma, observar-se-á maior motivação e satisfação do trabalhador.

Para a “melhoria das condições de trabalho, tanto de forma corretiva – melhorias em sistemas já existentes – quanto de maneira prospectiva – melhorias nos sistemas de trabalho em fase de concepção e projeto –, é necessário avaliar o trabalho humano existente, por critérios bem defi nidos, aceitos e que obedeçam a uma hierarquia de níveis de valoração relacionados com o trabalhador” (SELL, I., 1995).

Quando os elementos que distinguem as condições de trabalho (condições técnicas: características dos instrumentos, máquinas, ambiente do posto de trabalho, etc.; condições organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, conteúdo do trabalho; condições subjetivas características do operador: saúde, idade, formação; condições sociais: remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de emprego, em certos casos condições de alojamento e de transporte, relações com a hierarquia, etc.) (MONTMOLLIN, M., 1997) são adequados, pode-se dizer que as condições de trabalho também são adequadas e, por consequência, os trabalhadores poderão realizar suas atividades em um ambiente que não produza riscos de danos a sua saúde.

Um elemento importante dentro das condições de trabalho é sem dúvida a organização, que é a defi nição das tarefas e das condições de execução, por instâncias exteriores aos trabalhadores (DEJOURS, C., 1991). Dentro do ponto de vista ergonômico, a organização do trabalho tem como objetivos a concepção e o planejamento do trabalho (definição e repartição de funções, tarefas e postos de trabalho), a implantação dos meios de trabalho (espaços, máquinas, logística, recursos humanos) e controle e avaliação do trabalho (planificação e ação, coordenação e regulação, avaliação do alcance dos objetivos).

Com o objetivo de conhecer as reais condições em que atualmente o trabalhador realiza suas atividades, a ergonomia, seja ela análise de correção, projeto das condições de trabalho, ou de análise prospectiva, o importante é que garanta ao trabalhador o mínimo de riscos à saúde durante o desenvolvimento das suas atividades.

A Ergonomia se constitui como uma ciência aplicada capaz de adaptar as condições de trabalho às capacidades psicofisiológicas do trabalhador. É definida como um conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, dispositivos, materiais que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia pelas pessoas (WISNER, A., 1994).

O ambiente laboral está formado por todos aqueles fatores que de forma objetiva infl uenciam o trabalhador e na medida em que esses fatores forem adequados, melhor será o comportamento do organismo humano frente a essas condições, portanto, quando os fatores ambientais forem piores, maiores serão as possibilidades de que o organismo humano sofra alguma alteração ou que esteja propenso à ocorrência de acidentes de trabalho.

É preciso ter um conhecimento adequado das condições de trabalho, tanto dos fatores próprios da tarefa quanto daqueles que rodeiam o trabalhador, para que se possa realizar uma adequação nas condições do posto de trabalho analisado.

Porém, existe uma relação estreita e direta entre condições de trabalho e conservação da saúde dos trabalhadores.

Muitas atividades e postos de trabalho apresentam riscos que devem ser analisados com o objetivo de conseguir sua minimização ou eliminação. A qualidade de vida que um indivíduo possa ter está intimamente ligada à qualidade do trabalho, às condições adequadas ou não em que ele desenvolve suas atividades.

O posto de trabalho dos operadores do caixa de supermercado é um exemplo da necessidade de mudanças devido aos riscos a que os trabalhadores estão expostos durante a realização das suas atividades. A intensidade em que o operador de caixa realiza seu trabalho é muito alta, não só pela quantidade e diversidade de tarefas que realiza, senão pela frequência, o que traz um aumento da carga mental e física dos trabalhadores.

A atividade dos operadores de caixas tem sido objeto de estudo devido ao grande número de queixas, moléstias ou transtornos. Entre outros, têm sido detectados transtornos do sistema músculoesquelético, dores de cabeça, transtornos do sono e do apetite, transtornos nervosos e fadiga visual (MTAS, s/d).

As atividades desenvolvidas pelos caixas de supermercados são intensas e altamente repetitivas, tornando-se ainda mais intensas pela introdução do scanner (INRS, s/d), que ajuda a diminuir o tempo de passagem de mercadorias, mas, diminui a atenção ao cliente. Esta alta repetitividade, unida a outros fatores próprios do trabalho, que serão analisados no presente artigo, leva ao aparecimento de monotonia no trabalho e ao estresse. Esta situação, quando unida às condições inadequadas do posto, às posturas e ao peso das mercadorias leva a um aumento das exigências físicas da atividade.

Os caixas dos supermercados analisados atendem cerca de 300 clientes/dia, confirmando, então, a presença da repetitividade nas tarefas aliada a outras tarefas simultâneas, podendo gerar como consequência o desenvolvimento de problemas musculares e principalmente nas articulações das mãos, punhos, braços, ombros e vértebras cervicais (GARCÍA, J. P. et. al., 2003).

Sabe-se que quando não existe uma adequada combinação entre o trabalho físico e o intelectual e, por conseguinte, uma adequada organização do trabalho que garanta o estabelecimento de pausas de descanso, revezamento de atividade, etc. o indivíduo vai cada vez mais ao esgotamento mental e físico.

Para muitos autores o estabelecimento de pausas para o descanso, intercaladas no período de trabalho, é um elemento fundamental que permite a recuperação do indivíduo (VIÑA, S.; GREGORY, E., 1987).

Da mesma forma, se conhece por estudos realizados que uma sobrecarga de horas trabalhadas, ultrapassando as 8 horas recomendadas geralmente, leva a diminuição das reações e, consequentemente, a queda na produtividade, assim como danos pessoais, principalmente quando o trabalho é intenso (BLISS, J.; DUNN, M., 2000; GRANDJEAN, 1998; HARBER, P. et al., 1992; HINNEN, U. et al., 1992).

Quando existe uma adequada combinação entre as pausas, o revezamento de tarefas e a redução de trabalho se consegue uma diminuição da exposição aos fatores de risco.

Ressalta-se que a alternância nos postos de trabalho objetiva a melhoria ergonômica das condições de trabalho (MAENO, M. et al., 1999; PEREIRA, R., s/d).

As posturas podem ser mais ou menos confortáveis ou prejudiciais para a saúde, dependendo fundamentalmente das condições de trabalho que tenha para realizar suas atividades.

Um dos princípios fundamentais que devem existir em todo design ergonômico é que o mobiliário e suas relações com o ser humano permita, em primeiro lugar, que seja adaptado às características antropométricas da população que vai utilizar esse posto e que permita, quando necessário, as mudanças de posturas, já que em cada tipo de postura um diferente conjunto de musculatura é acionado.

Assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as posições confortáveis dos membros superiores e inferiores, deve ser objetivo fundamental no design dos postos de trabalho dos operadores de checkout (BRASIL, 2007).

O operador de caixa de supermercados realiza mais funções além do estabelecido para esta atividade, em resumo: realizar a quantifi cação e o pagamento das mercadorias que o cliente está comprando, representa aquela pessoa que mantém um contato direto e constante com os clientes, que de fato é assim. Muitas vezes são realizadas reclamações sobre o atendimento, que na maioria das vezes recaem nos operadores de caixa dos supermercados, como se fossem eles os culpados de uma determinada situação.

Todavia, recebem queixas de diferentes tipos, que podem ir desde um mau atendimento por parte dele, segundo o critério do cliente, até a falta de um determinado produto no mercado, mercadorias sem preço, demoras no sistema de pagamento por cartão, cheque, etc., algumas das quais não correspondem ao conteúdo de trabalho do posto e que não são de responsabilidade do operador de caixa de supermercado. Em resumo, pode-se dizer que a maioria das reclamações feita pelos consumidores passa pelos caixas, independentemente de eles possuírem ou não controle sobre o fato que está sendo reclamado.

Importante responder, o que pode ser realizado para garantir a minimização da situação estressante em que se encontra o operador de caixa de supermercado? Será que se tem pensado quanta é a responsabilidade e a carga de trabalho que esse operador tem durante todas as horas de trabalho?

A relação que deve existir entre a qualidade do serviço oferecido pelo operador de caixa e as condições de trabalho em que desenvolve suas atividades parece estar em contradição, cada vez mais o cliente demanda maior rapidez no serviço.

Por isso uma nova pergunta deve ser feita: será que é necessário realizar melhorias no posto de trabalho dos caixas de supermercado? Caso seja positiva a resposta, quais seriam estas modificações?

Estas e muitas outras perguntas podem ser feitas com o propósito de estudar, analisar e realizar recomendações para melhorar as condições de trabalho dos operadores de checkout de supermercados.

Cabe ressaltar que o objetivo deste trabalho foi identificar os fatores de risco a que estão expostos os operadores de caixa dos supermercados, assim como a análise das posturas realizadas pelos mesmos –trabalho completo

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