Trearemos uma breve explicaçõe sobre OZONIOTERAPIA
O que é a Ozonioterapia
É uma técnica que se utiliza do gás ozônio e seu potencial antioxidante para fins terapêuticos no organismo. O ozônio terapêutico é uma mistura de no máximo 95 % de oxigênio e 5 % de ozônio, cujo objetivo é provocar um estresse oxidativo agudo controlado, adequado e transitório, sem ultrapassar a capacidade antioxidante do organismo.
A ozonioterapia funciona como auxiliar no tratamento de doenças que, principalmente, tem sua origem em processos oxidativos – degenerativos, inflamatórios, virais, bacterianas, fúngicos, entre outros. (FERNANDEZ-CUADROS et al., 2018).
Resumindo: Ozonoterapia é uma modalidade terapêutica que recorre ao ozônio – uma molécula composta por 3 átomos de Oxigénio (O3). O Ozônio é facilmente assimilado pelo corpo de forma efetiva no âmbito terapêutico e clínico. Este processo de oxigenação e oxidação, que se revelam eficazes no tratamento de uma enorme variedade de patologias. O Ozônio possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, drenantes, oxigenantes, antioxidantes e atua como moderador de radicais livres, o que faz da Ozonoterapia uma excelente terapêutica versátil e cada vez mais praticada em todo mundo como um excelente recurso clínico.
Desde 2018 que a Ozonioterapia é uma das Práticas Integrativas Complementares do Ministério da Saúde e há um projeto de lei em andamento, aprovado pela CCJ como procedimento terapêutico de caráter complementar.
Os Conselhos Federais de Odontologia, Medicina Veterinária, Biomedicina, Fisioterapia, Farmácia, Enfermagem e Biologia já regulamentaram a prática da Ozonioterapia.
O Conselho Federal de Medicina em 2019 considerou essa técnica como experimental.
A Ozonioterapia apresenta grande versatilidade. Há muitos estudos que mostram eficácia deste tratamento para dores crônicas, em alguns casos até mesmo evitando cirurgias.
Outras pesquisas indicam melhora da oxigenação dos tecidos e modulação do sistema antioxidante, além de ação no sistema imune e na regulação metabólica. Há tratamentos estéticos com aplicações menos invasivas e tópicas que são usados para ativar a cicatrização.
VIAS DE APLICAÇÃO – Bocci (2011) (e de acordo com a orientação prescrita na anamnese)
a) Aplicação Sistêmica por Via Endovenosa de Oxigênio: também conhecida como Autohemoterapia Maior, é feita com a retirada de uma quantidade de sangue, tratando o mesmo com ozônio, e depois o reinsere na veia;
b) Aplicação Sistêmica Autóloga ou Autohemoterapia Menor com Ozônio: via intramuscular do sangue ozonizado do próprio paciente;
c) Aplicação Tópica: tratamento realizado com bolsa plástica, utilizando-se de um sistema fechado de circulação de ozônio e um sistema de sucção conectado a um catalisador de ozônio;
d) Água Bidestilada Ozonizada e Azeite Ozonizado: aplicação tópica na pele ou área afetada;
e) Insuflação: aplicação direta nas mucosas intestinal (insuflação retal), vesical (insuflação vésico-uretral) e vaginal (insuflação vaginal);
f) Aplicação Subcutânea, Intra-articular, Para-vertebral, Peridural ou Intradiscal: aplicação direta;
g) Outras: via óptica (casos oftalmológicos), via ótica (pavilhão auricular), sublingual, dentre outros.
Existem algumas vias que não têm recomendação pela falta de segurança em sua aplicação, seja pelo risco de embolia ao aplicar um gás ou interação terapêutica. As vias de aplicação não recomendadas por não serem seguras são: injeção endovenosa direta, injeção intra-arterial. Como via de aplicação proibida está a inalatória. E as vias de aplicação em que não há consenso são: injeção de água ozonizada, injeção de solução glicosada ozonizada, método hiperbárico (HBO3) e o ozônio intraperitoneal (DECLARAÇÃO DE MADRID, 2020).
Algumas considerações farmacológicas:
Para o uso medicinal dessa terapia, a concentração do gás ozônio deve estar em uma “janela terapêutica”, com doses variando de 10 a 80 µg/mL, menores que aquelas utilizadas em níveis industriais, em razão da sua instabilidade e toxicidade (BOCCI, 2011; SCHWARTZ; MARTÍNEZSÁNCHEZ, 2012).
O ozônio medicinal gera diversas ações no organismo, como: aumento na oxigenação e circulação /microcirculação sanguínea para tecidos isquêmicos, melhorando o metabolismo como um todo; melhora da angiogênese; elevação das enzimas antioxidantes celulares, como glutationa peroxidase (GSH), glutationa redutase (GSR), catalase (CAT) e superóxido desmutase (SOD); modulação do sistema imune pela ativação neutrofílica e liberação de citocinas e fatores de crescimento (pela ativação plaquetária); redução de mediadores inflamatórios, inativando substâncias algógenas através da oxidação, dentre outras (SAGAI; BOCCI, 2011; JANI et al., 2012; SCHWARTZ; MARTÍNEZ-SÁNCHEZ, 2012).
Cakir (2014) agrupa as diversas indicações da ozonioterapia em áreas, a saber: dermatologia (Herpes Zoster e Simplex, acne, eczema, micose, dermatite atópica, feridas de difícil cicatrização), endocrinologia (diabetes mellitus, hipotireoidismo), gastroenterologia (gastrite, úlcera gástrica, doença de Crohn, constipação crônica), pneumologia (asma, bronquite crônica), hepatologia (hepatites), reumatologia (doenças osteomioarticulares e doenças autoimunes), sistema cardiovascular (hipertensão arterial, aterosclerose, coronariopatias, vasculopatias), ginecologia (infecções bacterianas e fúngicas, vaginites, menopausa, infertilidade), dentre outras.
Bocci (2004) diz que para um uso cauteloso da terapia, principalmente na auto-hemoterapia, a quantidade de ozônio a ser administrado no organismo do paciente deve ser calibrado em relação a capacidade antioxidante do sangue do mesmo, para que haja um controle minucioso e individual do potencial de toxicidade de ozônio que cada indivíduo pode receber.
A análise do sangue do paciente para aferir a capacidade antioxidante é feita através de oito biomarcadores: glutationa reduzida (GSH), glutationa peroxidase (GPx), superóxido dismutase (SOD), glutationa transferase (GST), hidroperóxidos totais (HPT), substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (SRATB), catalase (CAT) e dienos conjugados (DC). A interpretação deste resultado se dá por um algoritmo, desenvolvido por um programa de computador, que discrimina quatro índices, quais sejam: atividade antioxidante total, atividade pro-oxidante total, índice redox, grau de estresse oxidativo, que são hábeis a definir a dose necessária, já que o programa identifica o estado redox do paciente e a estimativa do nível de estresse oxidativo (RE et al., 2008).
Para aqueles que sustentam o uso da ozonioterapia, desde que bem aplicada, após a análise criteriosa dos biomarcadores do sujeito, com uma aplicação apropriada do gás ozônio, o paciente pode ter um importante incremento de antioxidantes que o ajudariam a sair da situação de estresse oxidativo, sendo um fator potencial para o tratamento de diversas doenças (FERNANDEZ-CUADROS et al., 2018).
Quando o nível de células oxidantes é maior que as células antioxidantes, a situação é de estresse oxidativo. Sabe-se que ele pode ser causado por diversos fatores, tais como traumas físico e psicológico, uso de drogas, poluição, dentre outros, e é o responsável por diversas patologias (BARBOSA et al., 2010). Portanto, Diaz, Macias e Menendez (2013) relatam que para uma aplicação segura da ozonioterapia, o profissional deve acautelar-se de analisar os biomarcadores do indivíduo que irá se submeter ao tratamento, e verificar que nem sempre está terapia será aconselhável ao sujeito, pois o corpo humano possui especificidades que o diferencia um dos outros, de modo que, por vezes, a dosagem que se faria necessária ao tratamento que o sujeito requer, pode lhe ser toxica.
A fim de que a utilização dos geradores de ozônio cumpra seu efetivo papel, respeitando a segurança que se espera de sua utilização, é que além dos profissionais que prescrevem e utilizam-se da técnica terem habilitação para tanto, também os 20 aparelhos antes de ingressarem no mercado devem estar devidamente registrados e autorizados pela ANVISA (BRASIL, 1999).
LEITURA SUGERIDA – ESTUDO SOBRE A OZONIOTERAPIA E AS POSSIBILIDADES (2)
Deixamos aqui um alerta – APLICAÇÕES DE OZÕNIO POR PROFISSIONAIS NÃO CAPACITADOS E HABILITADOS, podem trazer prejuízos inestimáveis ao paciente, assim como, qualquer outro procedimento realizado por profissional NÃO CAPACITADO E HABILITADO.
Dra. Célia Wada – CRF- SP 7043 / CRF RJ 35468